Aqui em casa dificilmente acaba a energia elétrica, acredito que seja por ser uma área mais comercial do que residencial. Já faz alguns anos que moro aqui e as vezes que ficamos sem luz foi quando já tínhamos recebido uma notificação informando o dia e o horário para reparos nos fios, nada mais do que 3 horas e no período da tarde.
Nesta sexta feira em um dia chuvoso, lá pelas 16 horas,
ficamos sem energia elétrica. O único que não estava sem energia era o Kauê.
No inicio nem me preocupei, deixei de fazer as coisas em
casa e fui brincar com o Kauê, brincamos de pular e rolar na cama, esconde-esconde, pega-pega, e “achou” (a brincadeira que ele mais gosta por
enquanto). Logo em seguida fomos brincar com os brinquedos no quarto dele que era
o local da casa que estava mais claro, quando ouço uma voz me chamando... Olho
pela janela e vejo a vizinha perguntando se eu tinha vela. Sabia que tinha, na minha primeira compra de
supermercado de casados eu lembro que compramos uma caixa de vela, usamos algumas
vezes, sei lá pra quê, mais já tinha algumas usadas. Falei para a vizinha que
tinha e que ela poderia vir buscar, mais ela falou que também tinha e estava
mesmo era preocupada com o bebê. Eu nem tinha me preocupado com isso, na minha
mente a luz logo iria voltar, mais começou a ficar escuro e corri para pegar as
velas e deixar tudo no jeito. Fiquei com
a consciência pesada por não ter sido uma mãe prevenida e foi a vizinha que se preocupou
antes de mim, mas também fiquei feliz em saber que a vizinha se importa
conosco.
Fui para a rua para distrair um pouco, quando um moço que
estava num comércio perto de casa falou para mim: “Cuidado moça, acho melhor a senhora
entrar porque é perigoso e os ladrões aproveitam esta hora para roubar”. Mãe cagona
que sou entrei rapidinho. Como não me toquei numa coisa tão obvia? Tranquei
tudo aqui em casa e fiquei morrendo de medo, liguei para o marido, ele disse
que iria se atrasar, uma pelo trabalho e outra pela chuva que parou tudo por
aqui.
Acendi a vela e o Kauê ficou paralisado olhando e de vez em
quando ele batia palmas, todo feliz como se fosse vela de aniversário.
Fiquei toda perdida e tentei deixar tudo pronto para não fugir
da rotina do sono. Estava que nem uma barata tonta, indo pra lá e pra cá com
medo e rezando para o marido chegar logo. Enquanto isso o kauê ficou atrás de
mim “desfilando” pela casa, com aquela bunda de fralda gostosa e com toda
pompa, sem medo, sem preocupação, como se nada tivesse acontecido, pensei: esse
pitoco de gente já me dando lição de moral sem perceber, só faltou ele falar: “Calma
mãe, não tenha medo”.
Nesta noite entendi porque falam que mãe parece polvo, como
subir uma escada com uma criança no colo, uma vela acesa e a chaleira com água
quente? O melhor jeito que encontrei foi deixar umas velas em lugares
estratégicos e quando passasse eu apagaria assoprando. O Kauê achava graça de eu
assoprar e ficava me imitando assoprando o meu rosto. Foi a primeira vez que vi
ele assoprando.
Dei banho e mamadeira, e quem disse que conseguia levar ele
para o berço? Deixei ele dormindo na minha cama e quando meu marido chegasse
levaria ele para o berço. Não sei se deixei ele dormir na minha cama com o intuito
de proteger ele ou de eu me sentir mais protegida com ele ao meu lado...rs
Marido chega, dormirmos os 3 na cama e quando o Kauê acordou
colocamos ele no berço. Por fim, de madrugada volta a energia e com ele o
barulho da televisão que estava ligada e a claridade de praticamente todas as
luzes da casa. Desliguei a televisão e as luzes, inclusive a de meu quarto onde
fui dormir tranquila em saber que tínhamos luz, mesmo com ela estando desligada
para dormir.
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